domingo, 26 de dezembro de 2010

Sustentabilidade na pecuária

Em tempos extremamente competitivos, precisamos reconstruir a imagem da carne brasileira e no Mundo, estabelecendo estratégias como a adoção de ferramentas de comunicação pró-ativas, já que não podemos ter a postura da Ema, ou seja, sob pressão ou desconhecimento, o animal enfia a cara embaixo da terra ficando com a parte traseira mais exposta, correndo mais riscos e mostrando toda sua fragilidade.

Precisamos buscar a parceria com o setor varejista, que atualmente tem a tendência, como estratégia comercial, dos principais mercados como o Walmart, Carrefour e o Tesco, de buscarem a excelência de
seus produtos, fortalecendo as marcas próprias, fidelizando seus clientes e seus fornecedores, garantindo um bom preço pago ao pecuarista, e o respeito ao consumidor, cumprindo a responsabilidade social de suas empresas. Além disto, é preciso lançar campanhas de Marketing de alimentos seguros, esclarecendo à população e aos países, importadores da carne brasileira, da alta tecnologia disponível no País no processamento de carne.

Precisamos reconhecer as mudanças comportamentais que os consumidores do mundo todo passam. Na Década de 90, a busca frenética pela manutenção da saúde e pela melhor forma física, criou nos consumidores a necessidade de aquisição de alimentos light e diet. Na década seguinte, de 2000, o tema da rastreabilidade, foi fortemente inserido na busca de se conhecer todo o caminho percorrido pelos alimentos, do campo ao prato, em função do surto de doenças, como a vaca louca.

Atualmente, a questão da sustentabilidade, é uma preocupação constante dos consumidores, que além de exigirem um alimento saudável e seguro querem também ter a consciência tranqüila no sentido de terem a certeza de não estarem contribuindo com a destruição do meio ambiente, de estarem garantindo o bem estar animal, além da preocupação com os trabalhadores rurais, no sentido de buscarem o cumprimento dos direitos trabalhistas do homem do campo.

Neste sentido, todos os atores do setor pecuário, produtores, empresários das indústrias, empresários do comércio e o Poder Público, devem estabelecer medidas que busquem o desenvolvimento com a capacidade de suprir as necessidades e os desejos dos consumidores atuais, sem comprometer as gerações futuras, ou seja, a busca pela SUSTENTABILIDADE NA PECUÁRIA. Não somente a sustentabilidade do ponto de vista ambiental, de forma passiva, apenas cumprindo a legislação vigente, mas principalmente, agindo de forma a programar ações que mitiguem os impactos da atividade pecuária sobre o meio ambiente.

Com a esta visão integrada, o Governo Estadual em consonância com o Governo Federal, estipulou metas dentro do Programa Estadual de Agropecuária de Baixo Carbono, que sejam capazes de diminuir a emissão de GEE - Gases de Efeito Estufa, provenientes da atividade. Sabe-se que o desmatamento para pastagens na Amazônia é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Contribui com aproximadamente 50% do total, mas desconsiderando o desmatamento, a pecuária bovina brasileira é responsável diretamente por 36% das emissões de gases de efeito estufa restantes do país, ou 9% do total, em função principalmente do processo digestivo - 1 Kg de carne produzida gera 45 Kg de CO2. Emitindo quase seis vezes mais que o setor de transporte.

Como alternativas para redução da emissão de GEE, podemos citar: Mudanças na dieta dos animais, uso de tecnologias como a Integração Lavoura, Pecuária, Floresta – ILPF, que permite que as emissões liberadas pela pecuária sejam seqüestradas pelo crescimento das florestas cultivadas, manejo adequado das pastagens, fazendo com que elas possam absorver até uma tonelada de carbono por hectare - a estocagem pode acontecer por períodos de até 100 anos, e o melhoramento genético dos rebanhos que pode reduzir as emissões de GEE em até 30%.

Aumentar a eficiência da criação extensiva com a melhoria da qualidade das pastagens é a alternativa mais imediata ao confinamento. Com pastagens de melhor qualidade e animais mais produtivos e precoces, é possível adensar o número de cabeças por unidade de área, ou seja, criar mais gado em menos espaço, e abatê-los mais cedo, reduzindo assim os GEE em 10%.

Portanto, não podemos fingir que a pecuária brasileira está isenta de responsabilidade quanto ao impacto gerado sobre o meio ambiente. Precisamos, sim, é admitir que tenhamos que buscar mecanismos de compensação e mitigação dos efeitos negativos desta atividade. Tecnologias testadas e comprovadas já estão disponíveis, conhecimento suficiente já possuímos, portanto só nos resta assumirmos nosso papel de cidadãos conscientes de nossas responsabilidades na busca de melhoria social, econômica e ambiental, de nosso país e da manutenção de um planeta capaz de abrigar as gerações futuras.

Somando-se os esforços de todos, com o lema “Um é pouco, dois é bom e três é melhor ainda!”, trilharemos um caminho onde, colocaremos o País e o Estado na vanguarda da pecuária mundial.
Da Seagro/TO
Érika Jardim/diretora de produção animal

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