quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Correção do solo no sistema de plantio direto

EDUARDO selecionou Perguntas e resposta sobre a calagem do solo.


1. Quais os cuidados que devem ser tomados antes da implantação do sistema de plantio direto? 
É muito importante que, no planejamento da adoção do plantio direto, o agricultor preveja a correção das limitações ao desenvolvimento das culturas, sejam elas químicas (macronutrientes e micronutrientes), sejam físicas, considerando as recomendações existentes para as diferentes regiões e para o sistema convencional. Após a implantação do SPD, não há mais sentido em revolver o solo para incorporar corretivos, visto que isso resultaria na eliminação dos efeitos benéficos sobre os atributos do solo alcançados ao longo dos anos. 

2. Quais os níveis de saturação por bases (V%) recomendados para o PD? 
Como ainda não existem dados específicos para o PD, os níveis de saturação por bases utilizados são aqueles recomendados para o sistema convencional em cada região. No SPD, aparentemente, o efeito tóxico do alumínio às plantas é menos acentuado do que no sistema convencional. 
Observação: Tem-se verificado alta produtividade em sistemas já estabelecidos e com níveis de
saturação por bases bem inferiores aos recomendados para o sistema convencional. Sá (1995), avaliando a fertilidade do solo sob plantio direto na região dos Campos Gerais, constatou rendimento médio das culturas da soja e do milho de 3.100kg/ha e 7.280 kg/ha, respectivamente, em solos com saturação por bases de 40%. Rendimentos inferiores só foram constatados quando o valor de saturação por bases situou-se entre 20% e 30%. Vários estudos têm mostrado que no PD, aparentemente, o efeito tóxico do alumínio às plantas é menos acentuado do que no sistema convencional, provavelmente por causa da introdução de grande quantidade de matéria orgânica no sistema, podendo ser este fato um dos motivos que proporcionam altas produtividades em solos com V% menores. 

3. No SPD em condução o calcário precisa ser incorporado? Não, principalmente em solos com boa capacidade de infiltração de água, intenso aporte de material orgânico e desde que o agricultor tenha iniciado o SPD com prévia correção da acidez do solo em profundidade. 

4. Qual a eficiência da aplicação de calcário em superfície e sem incorporação? A eficiência do calcário não incorporado tem-se mostrado equivalente à do calcário incorporado, principalmente em solos mais arenosos. Quando se usam cultivares tolerantes ao alumínio, o retorno econômico do calcário aplicado superficialmente tem-se mostrado bastante superior ao incorporado, em função da redução dos custos e da manutenção do potencial produtivo. 

5. A ocorrência de chuvas após a aplicação superficial provoca perdas de calcário? Se houver a preocupação e a consciência de que o solo deve ser mantido sempre coberto com palha e, se possível, também com culturas em desenvolvimento, tais perdas podem ser consideradas muito pequenas ou nulas. Mas, se o solo estiver exposto, sem cobertura adequada, podem haver perdas consideráveis, especialmente se o terreno apresentar declividade elevada, pois neste caso ocorre escorrimento superficial de água. 

6. Como avaliar a necessidade de calcário no PD? Os trabalhos de pesquisa já realizados não permitem ainda uma recomendação específica para o SPD. Contudo, existem indicativos de que, para solos argilosos, se deve aplicar de um terço a metade da necessidade da calagem calculada pelo método de saturação de bases, para a profundidade de amostragem de 0-20cm, até o limite de 2,5 t/ha, ao passo que, para solos argilo-arenosos e arenosos, se deve aplicar metade da necessidade de calagem, até o limite de 2,0 t/ha. 

7. Quando o calcário deve ser aplicado no SPD? Para a região central do Brasil, a aplicação deve preferencialmente anteceder o período das chuvas, enquanto para a Região Sul o ideal é aplicar logo após a colheita das culturas de verão. 

8. Qual a freqüência de aplicação da calagem no PD? 
No SPD já consolidado, a calagem pode ter um caráter mais de controle da acidez e reposição de nutrientes do que de correção da acidez. A periodicidade depende do sistema de rotação de culturas e do manejo da adubação nitrogenada. A utilização de doses elevadas de adubos amoniacais pode requerer correções da acidez mais freqüentes, a cada dois ou três anos, aproximadamente. A análise química do solo e a produtividade também deverão ser consideradas para a definição da dose e da freqüência. 

9. Quais as fontes de fósforo mais indicadas para a correção no início do SPD? Com exceção dos fosfatos naturais de baixa reatividade, as demais fontes são boas, embora as mais solúveis sejam as mais indicadas. Para a escolha da fonte, devem-se considerar o custo do adubo e a necessidade de outros nutrientes como cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes, entre outros fatores. 

10. Podem-se utilizar fosfatos naturais reativos no processo de correção de fósforo no SPD? Os fosfatos naturais reativos podem ser utilizados desde que os solos não apresentem baixa disponibilidade de fósforo e também não seja necessária a aplicação de outros nutrientes como enxofre, magnésio e micronutrientes. 
Observações: Além disso, deve-se dar preferência para o uso de adubos menos sujeitos à fixação e preferencialmente com cálcio e enxofre, principalmente em se tratando de solos naturalmente pobres e com elevada capacidade de fixação de fósforo, como é comum nos solos brasileiros, mais expressivamente nas regiões de cerrado. 

11. Como fazer a correção de fósforo? 
correção de fósforo pode ser realizada de duas formas, dependendo da capacidade de investimento do agricultor: 
De uma só vez, antes do início do SPD. 
Neste caso, a dose total do nutriente é aplicada a lanço e incorporada até a profundidade de 15 a 20 cm; 
Correção gradativa
Trata-se da adubação de manutenção, visando atingir o nível de suficiência em quatro anos. A dose necessária para a correção total do teor do nutriente é subdividida em quatro vezes (4 safras), sendo feita a incorporação com semeadora adubadora, durante os primeiros anos de implantação do sistema. 
Observações: Com a correção gradativa, a produtividade obtida nos primeiros anos tende a ser inferior à obtida com a correção total. Por isso a escolha pela forma de correção deve ser tomada em função da capacidade de investimento e do retorno esperado

.12. Qual é a recomendação para o uso de gesso agrícola no SPD? A recomendação é semelhante à do sistema convencional. Um método para determinar a dose a ser aplicada é o que leva em conta o teor de argila. Nesse caso, a quantidade de gesso, em kg/ha, será igual a cinqüenta vezes o valor porcentual de argila do solo. Seu uso, porém, só deve ser considerado quando houver necessidade de introduzir enxofre no sistema ou cálcio em profundidade em solos mais argilosos. Em solos de textura arenosa e média no SPD, o próprio calcário ou adubos que contenham esses nutrientes podem enriquecer as camadas mais profundas. 

13. Em áreas com baixos teores de potássio é viável realizar adubação corretiva? A adubação corretiva com potássio deve ser recomendada de forma criteriosa, tendo em vista a baixa capacidade de retenção de cátions apresentada pelos minerais de argila predominantes nos solos da Região Centro-Oeste, associada à intensa precipitação pluvial registrada no período de verão. Entretanto, no SPD, tem-se observado menor perda de potássio em decorrência do acúmulo de matéria orgânica e melhores condições de reciclagem do nutriente por causa da rotação de culturas, permitindo que o potássio seja mantido no sistema, possibilitando sua aplicação em doses maiores, sem grandes perdas por lixiviação. 

14. Qual a vantagem da correção total em relação à correção parcial (em 4 ou 5 anos) da fertilidade do solo? 
Apesar de exigir maior investimento de capital no início, a correção total da fertilidade tem a vantagem de permitir maior desenvolvimento vegetativo das culturas nos primeiros anos do SPD, resultando em melhor cobertura do solo com palha.



As questões acima foram extraídas do livro Sistema Plantio Direto – Coleção 500 Perguntas, 500 Respostas, da Embrapa. Em algumas respostas, apresentamos observações de acordo com considerações técnicas da Manah.

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